segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Casanova, o bibliotecário sedutor



Em plena cidade do romantismo nasce, a 2 de Abril de 1725, Giacomo Casanova, filho dos actores Zanetta Farussi e Gaetano Giuseppe Casanova.

Com a morte do pai, aos 8 anos de idade, e a mãe a viajar constantemente pela Europa com a companhia de teatro, a sua educação foi entregue aos cuidados da avó. Já adolescente, parte para Pádua onde residiu na casa de um sacerdote enquanto estudava direito na universidade, e onde aprendeu filosofia, matemática, música e medicina.

É nesta altura que Casanova desperta para os seus dois grandes vícios: o jogo e as mulheres. Tendo sido Bettina Gozzi (filha do sacerdote) o seu primeiro namorico.

Após os estudos, volta a Veneza, onde inicia uma carreira eclesiástica. No entanto, ao conhecer Alivise Gasparo Malipiero (senador e proprietário do Palazzo Malipiero), que o introduz nos melhores círculos sociais de Veneza, Casanova, rodeado de boa comida, bom vinho e boa companhia, acaba por descobrir a sua verdadeira vocação.

Os escândalos à volta das mulheres que conquistava e das dívidas de jogo que contraía culminam com a sua expulsão de Veneza, que o faria viver em Paris por 2 anos. No entanto retorna a Veneza onde é preso novamente devido ao seu estilo de vida. Arquitectando uma fuga, viria a conseguir em 1756 escapar por um buraco escavado no tecto da cela e já de madrugada parte de novo para Paris.

Viveu durante 20 anos entre França, Suiça, Itália, Inglaterra e Bélgica, tendo deixado amantes e dívidas de jogo em cada cidade.

Em 1785 Casanova chegou à Boémia, na actual República Checa, e aí permaneceu até à sua morte em 1798. Trabalhou como bibliotecário do conde de Waldstein-Wartenberg, época em que se dedicou à escrita de um romanceIsocameron, e, especialmente, à redacção das suas memóriasHistória da minha vida, volumosas e escritas em francês, que constituem um fascinante testemunho da época.

Embora tenha revelado que estes anos lhe foram aborrecidos e até frustrantes, sem eles não teria produzido os 28 volumes desta biografia, que converteria Casanova no mais famoso sedutor de todos os tempos.


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Doces Leituras

Hoje vou adoçar a boca dos mais gulosos =)
Que tal uns doces exclusivos para amantes de livros?

Que tal uns queques para o fim-de-semana? A Paty deixa-vos esta receita: http://devaneiospeloar.blogspot.pt/2014/01/tag-bolo-de-livros.html

O blogue L&PM mostra como bolos e literatura combinam na perfeição: http://www.lpm-blog.com.br/?p=24840

Na sua perícia e criatividade na decoração de bolos, a Mónica dá um exemplo para um bolo Papa Livros da sua autoria: http://osbolosdamonica.blogspot.pt/2010/04/bolos-para-meninos.html

Já o cantinho da Rosamar deixa-nos imagens de autênticas obras de arte da decoração de bolos: http://cantinhodarosamar.blogspot.pt/search/label/livros

O blogue Encruzilhadas Literárias mostra um exemplo genial para um bolo de casamento inspirado em livros: http://encruzilhadasliterarias.blogspot.pt/2012/03/livros-que-inspiram-casamentos-parte-3.html

E, por último o meu bolo de aniversário feito pela empresa Docinhos da Ana. Está amoroso não está? E estava também bem delicioso. http://docinhos-da-ana.blogspot.pt/2011/09/bibliotecaria.html

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Fernando Pessoa, o aspirante a bibliotecário



Este episódio passaria quase despercebido no panorama nacional, se não fosse o protagonismo que o principal envolvido viria a alcançar na composição das figuras mais mediáticas da cultura do nosso país. 

Em 1932, o jornal O Século publica um anúncio para preenchimento de uma vaga como conservador-bibliotecário no Museu Condes de Castro Guimarães, em Cascais. Até aqui, nada de novo… Mas eis que uma das personagens (agora considerada) definitivamente marcantes de Portugal do século XX decide candidatar-se ao cargo. Nada mais nada menos que Fernando Pessoa. Sim… o mesmo Fernando Pessoa que hoje nos delicia com obras poético-literárias, afinal, queria ser bibliotecário. 

Na sua carta de candidatura datada de 16 de Setembro de 1932, Pessoa refere-se desta forma ao anúncio publicado pelo jornal:

No texto do artigo 6, propriamento dito, do Regulamento, diz-se que é necessário que o conservador-bibliotecário seja pessoa de «reconhecida competência e idoneidade». Salvo o que de competência e idoneidade está implícito nas habilitações indicadas como motivo de preferência nos parágrafos do artigo, e portanto se prova documentalmente pelos documentos referentes às indicações de cada parágrafo, a competência e a idoneidade não são susceptíveis de prova documental. Incluem, até, elementos como aspecto físico e a educação, que são indocumentáveis por natureza. (Bonnet, 2010)

     

     Claro está que, até pela forma discursivo-argumentativa de resposta ao anúncio, Fernando Pessoa nem sequer viria a ter hipótese de conseguir o lugar a que se candidatava. Deixou-nos, porém, um brilhante testemunho que nos leva a reflectir sobre o paradigma do perfil e requisitos considerado necessários para o exercício da profissão. Um concurso para um lugar como conservador-bibliotecário, no já distanciado ano de 1932, referindo-se à competência, idoneidade, aspecto físico e educação como elementos de importância relevante para execução do cargo.




Fonte:

Bonnet, J. (2010). Bibliotecas cheias de fantasmas. Lisboa: Quetzal.