O cinema é um poderoso agente de difusão de uma imagem, e, influencia o pensamento público; a imagem cinematográfica, mesmo não correspondendo à realidade, acaba por ser tomada como verdade.
Através dos mais variados filmes podemos ter indicações mais claras de como o bibliotecário tem sido visto pelo público ao longo dos tempos.
Quem não se recorda do fantasma da bibliotecária em Os Caça-Fantasmas (1984), ou da encantadora Evelyn em A Múmia (1999)? Personagens bem diferentes, mas que se tornam o espelho das imagens da profissão mais destacadas no cinema.
De um lado, a velhinha de óculos e coque pedindo silêncio, e, do outro, a doce e encantadora bibliotecária que se envolve numa aventura de acção e romance.
Fonte: http://5916socialmedia.cci.fsu.edu/~mda10c/?p=56
Vejamos, outro exemplo: quão significativo o curto diálogo, retirado do filme “O Clube do Imperador” (2002), entre a personagem de um estudante que tenta requisitar um livro na biblioteca, algo que peremptoriamente vê recusado pela personagem que interpreta o papel de bibliotecária; então o estudante, numa tentativa fugaz de sedução à autorização do empréstimo, reage da seguinte forma:
“Student - Miss Peters, that is a great hairstyle. Is that new?
Librarian - I've had it since 1958."
Fonte: The
Emperor’s Club, 2002
De uma forma irónica, a imagem estereotipada da bibliotecária revela-se neste breve episódio, onde o ar severo e intransponível da mesma é alvo de percepcionamento sarcástico pela inflexibilidade da mesma, associada também ao seu aspecto físico.
Ainda mais recente é o filme "A idade de Adaline" (2015), uma mulher misteriosa, reservada, culta, onde poderia ela trabalhar? Pois é, na Biblioteca... Quem viu este filme?
Fonte: The
Age of Adaline,
2015
Parece que a imagem cinematográfica do bibliotecário começa a alterar-se, fruto, também, das visões dos autores de livros. Começa-se já a abandonar a imagem de bibliotecário tradicional, zelador dos livros e dos bons costumes, para um bibliotecário moderno influenciado pelo uso das novas tecnologias. A figura de velhinha a pedir silêncio também se distancia da imagem que transparece nos filmes. Contudo prevalece a imagem do género feminino já com alguma idade, ou com idade indefinida.